sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um passeio entre pedras e borboletas

A lua estava baixa no céu e a noite sussurrava maravilhas.
Quando Billy, o unicórnio, saiu da caverna, encontrou pequenas pegadas na porta. Nunca havia visto nada igual, deveria ser algum ser pesado, mas nunca vira um centauro com cinco dedos ou com duas patas. O fauno também não podia ser... as fadas não deixavam pegadas... Seria um novo ser? Seria o Ser Especial? O pequeno unicórnio voltou correndo para dentro e disse à sua mãe:
– Mãe, vi pegadas diferentes, acho que é do Ser Especial...
– Ah meu filho! Você não acha que já está grandinho demais para acreditar nessas coisas? Isso que dá ficar ouvindo aquelas loucuras de fadas. Você deveria ficar mais com os centauros, é melhor ficar com quem não se deixa iludir.
Billy não ligou para sua mãe. Iria buscar o Ser Especial.
Saiu através dos bosques, seguindo as pegadas até chegar à grande Rocha das Fadas. Ali, perguntou à fada Lily se ela havia visto alguma coisa diferente e ela lhe disse:
– Ah sim! Um Ser Especial esteve aqui, mas já se foi.
– Foi por onde Lily? Eu quero ver, eu quero ver!
– Não adianta Billy, você não pode vê-lo!
– Mas por que não? Vocês podem, não podem?
– As fadas desenvolveram a habilidade de se comunicar com os Seres Especiais há milênios e mesmo assim raramente conseguimos manter contato.
– Mas você viu ele, não viu?
– Vi, mas ele não me viu. Na verdade ele viu apenas pequenas borboletas... achou lindo, mas é só... Só podemos conversar com quem nos vê... por isso é tão difícil.
– Mas ele existe mesmo? É difícil acreditar em algo que não se pode ver... todos zombam de mim...
– A maior virtude, Billy, é continuar acreditando quando não se vê. Acreditar em algo visível é fácil. Acreditar no invisível é o primeiro passo do longo caminho da comunicação com os Seres Especiais e o fato de você poder ver suas pegadas já é um bom sinal. Sua mãe, por exemplo, jamais veria.
O unicórnio Billy ficou muito desanimado, ver as pegadas era legal, mas preferia ver o próprio Ser. E foi andando até o Lago dos Anões...

A menina estava perdida, mais uma vez saíra em busca do Belo Reino e mais uma vez não encontrara, tentava voltar para casa, mas não conseguia encontrar o caminho. A menina levava seu urso no colo e ambos estavam muito sujos. Haveria castigo, com certeza.
De repente a menina encontrou um lago com muitas rochas... parecia que murmuravam entre si e a menina se encantou, mas, depois de um tempo, desanimou: eram apenas rochas!
A menina voltou a andar e encontrou seu velho amigo ou seu amigo, o Velho. Ele, como sempre, lhe deu um grande sorriso e disse:
– Encontrou?
– Não, mas encontrei uma rocha muito bonita, com muitas borboletas, achei que fosse lá... mas vi que não podia ser, eram só borboletas... e depois, também, encontrei um lago muito lindo, com muitas rochas e parecia que falavam! Mas era só a minha imaginação...
– Não se pode desanimar... continuar acreditando é o melhor que podemos fazer...
– Eu acredito e sei que um dia encontrarei.
– Eu tenho certeza disso!
– Até mais então.
– Até mais!

O unicórnio Billy conversava com Bablu, o anão:
– Mas você acredita que eles existem?
– Claro que sim!
– Mesmo sem nunca ter visto um?
– O que isso importa? Há coisas que nossos olhos não estão suficientemente preparados para ver, é isso!
Billy percebeu que o assunto estava encerrado e se foi, dizendo a si mesmo que nunca deixaria de acreditar.
Neste mesmo momento o Grande Sábio chegava à Rocha das Fadas.
– Olá Lily!
– Olá vovô!
– Viu a menina?
– Vi.
– O que você acha?
– Com certeza vovô, com certeza! E o Billy?
– Ele vai ter a sua oportunidade...
E o velho sorriu.

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