sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Os três amigos

Laura era uma menina encantadora. Morava com sua irmã desde seus quatro anos, pois sua mãe havia morrido, mas nunca se importou muito em pensar no fato de ter ou não uma mãe. Primeiro porque sua irmã cuidava muito bem dela e segundo porque ela nunca estava sozinha.
Laura amava livros, principalmente os de fantasia, e sempre que sua irmã podia lhe comprava um. Também ganhava vários de vizinhos, professores e amigos que sabiam que ela não sobreviveria sem aquelas páginas abençoadas. Por isso Laura nunca estava sozinha, pois para ela, cada personagem de cada livro era um grande amigo seu. Era amigo que não acabava mais. Mas Laura também tinha dois grandes amigos “de verdade”: Júlia e Heitor. Esses três eram inseparáveis, faziam tudo juntos e compartilhavam o amor pelos livros. Assim, eles tinham as horas de brincadeiras e as horas de leituras e, nessas horas, cada um se sentava em um lado do grande salgueiro perto do bosque e liam juntos e contavam as aventuras que acabaram de presenciar e , juntos, sonhavam em um dia poderem participar de alguma aventura em algum mundo maravilhoso como o dos livros.
Laura, Júlia e Heitor, ou os três anões, como eram chamados na vizinhança, viviam com seus livros preferidos embaixo do braço. Era um acordo feito entre eles: sempre que saíssem de casa levariam seus livros preferidos, assim, se fossem para algum mundo desconhecido, teriam seus livros como companhia. Laura levava sempre O Senhor dos Anéis, um volume único, enorme. Júlia levava As Crônicas de Nárnia, também em volume único e Heitor levava A história sem fim. Havia outros que eles amavam, mas esses três seriam os companheiros na aventura que eles sempre buscavam, mas nunca encontravam.
O bosque que começava no grande salgueiro era o lugar preferido dos três amigos para brincarem, pois aquele lugar parecia mágico. Tudo era tão verde e fresco e até o sol parecia brilhar diferente por ali. Mas no dia em que as coisas aconteceram todo o encanto do lugar parecia estar acentuado. O verde estava mais verde, mas também estava um pouco prateado e as folhas amareladas de algumas árvores refletindo a luz do sol pareciam pedacinhos de ouro pendurados nas árvores. Quando chegaram perto da rocha que eles apelidaram de mesa de reuniões, perceberam que tudo estava muito silencioso, sem os barulhos habituais do bosque, e o brilho do lugar estava tão insuportável que não conseguiam manter os olhos abertos. De repente tudo escureceu, ou melhor, voltou ao normal e quando conseguiram abrir os olhos viram uma pequena criaturinha correndo em direção a eles. Era uma cachorrinha bem pequenininha, branca com algumas manchas pretas e marrons e quando se aproximou deles, parou e disse com sua vozinha fina:
– Olá, o Grande Urso Marrom deseja falar com vocês. Por favor, me sigam! – E saiu toda ligeira em direção ao centro do bosque.
Os três não sabiam o que dizer ou o que fazer. Tinha um cachorro falando com eles! Será que o momento de finalmente fazerem parte de uma aventura tinha chegado?
Quando a cachorrinha percebeu que ninguém a acompanhava, parou e voltou:
– Ah! Desculpa-me. Vocês devem estar me achando super mal educada por nem me apresentar direito. Meu nome é Mel e sou uma das servas do Grande Urso Marrom. Ele me pediu que levasse vocês até ele. Venham!
Mai uma vez ela saiu toda serelepe e ninguém a seguiu. Os três amigos ainda não acreditavam e não conseguiam se mexer. Quando Mel percebeu isso novamente, voltou um pouco zangada:
– Qual é o problema de vocês? Vivem pedindo por uma aventura, alguma coisa interessante e quando o GUM permite que vocês conheçam o nosso mundo ficam aí aparvalhados.
Nesse momento Laura resolveu falar:
– Desculpe Mel, é que para nós ver um cachorro falar já é uma aventura e tanto e ficamos um pouco paralisados.
– Ah! É verdade! Esqueci que os cachorros não falam lá na terra de vocês. Perdoe a minha memória fraca e indelicadeza, é que aqui na terra do Grande Urso todos os animais falam. Agora que o choque passou, será que podem me acompanhar?
Dessa vez os três seguiram a cachorrinha, que ia saltitando na frente. Laura se aproximou um pouco dela e perguntou:
– Você disse “Lá na terra de vocês”, mas aqui não é a nossa terra?
– Não. – Disse Mel. – Aqui é a terra do Grande Urso.
– E quem é o Grande Urso?
– Vocês vão ver. Ele é o senhor de todas essas terras e nas suas terras todos os animais podem falar. E na sua corte principal ele tem um ser de cada terra distante: uma fada, um elfo, um anão, um troll, etc. E agora chegou a hora da troca...
– O que é a troca?
– Não posso dizer, mas quando chegarmos à presença do GUM, ele explicará.
– GUM?
– É. Grande Urso Marrom. Vamos mais depressa!
Todos se apressaram. Então, afinal, eles iam viver uma aventura nas terras do Grande Urso e, melhor ainda, estavam juntos e com seus livros.
Andaram por um bom tempo e chegaram a um corredor de árvores altas, que se encontravam bem lá em cima, formando um arco natural. Seguiram por este corredor e chegaram ao final onde as árvores de cada lado se afastavam e formavam um grande círculo, do tamanho de um grande salão de festas e no meio desse círculo havia uma construção de pedra que parecia uma igrejinha e estava rodeada de animais de todas as espécies.
– Essa é a casa do Grande Urso e todos aqui estavam esperando para ver vocês. – Disse Mel.
– Por que eles querem nos ver? – Perguntou Heitor.
– Porque vocês farão parte da grande troca.
– E o que é mesmo a grande troca? – Tentou Júlia.
– Já disse que não posso contar, mas vocês já vão saber. Entrem.
Os três entraram depois de Mel na casa de pedra e conforme iam passando os animais os cumprimentavam com grande respeito, como se fossem grandes senhores. Quando chegaram ao interior da casa de pedras, passaram por algumas portas e chegaram a uma grande porta de carvalho, que se abria em duas partes. Mel se aproximou da porta e arranhou-a com sua patinha. Do outro lado ouviram-se passos que se aproximavam. Mel virou-se para eles e disse:
– Lembrem-se que vocês são convidados do Grande Urso e ele é o senhor de tudo aqui, então mostrem respeito ao se dirigirem a ele.

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